domingo, 8 de abril de 2007

Das confrontos à mesa de negociações

Todas as evidências sugerem que a barganha negada por Blair e Bush existiu


Além de não terem sido desmentidas, as informações de Patrick Cockburn são coerentes com os desdobramentos do episódio. Em 4 de fevereiro, nova provocação contra o Teerã, provavalmente disparada de Washingnton: o segundo secretário da embaixada do Irã em Bagdá, Jalal Sherafi, desaparece, levado por homens com uniforme militar. Dias depois, a resposta: numa ação em Kerbala, cidade sagrada xiita ao sul de Bagdá, um comando tenta seqüestrar cinco soldados norte-americanos. Como não têm êxito, os seqüestradores assassinam as vítimas. Washington atribui o atentado a milíticas a serviço do Irã.


Em 23 de março, Teerã volta à carga e prende os 15 marinheiros britânicos. A primeira reação do ministro Tony Blair é arrogante: ele exige a libertação incondicional e garante que não negociará com os captores. Em Washington, Bush reforça suas palavras: “Apoio firmemente as declaração do primeiro ministro, de que não haverá barganha em torno dos reféns”. Rapidamente, a realidade contraria as palavras. Em 2 de abril, Ari Larijani, o número um do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, conhecido por sua habilidade diplomática, contacta jornalistas britânicos e anuncia que tentará abrir diálogo com Londres. Um dia depois, afirma, em entrevista à rádio estatal que “o governo britânico iniciou negociações diplomáticas com o ministério do Exterior iraniano”. A notícia é, então, confirmada pelo governo Blair, ainda que este evite admitir a mudança de postura. Um porta-voz do primeiro-ministro afirma que ele “permanece comprometido com a resolução do problema por meios diplomáticos. O Reino Unido propôs relações bilaterais diretas e espera uma resposta iraniana”.


Os sinais de que a negociação estava em curso – e já produzia resultados concretos – tornaram -se mais densos em 4 de abril. Jala Sharafi, o diplomata iraniano seqüestrado em Bagdá, reapareceu subitamente. Além disso, um funcionário oministério das Relações Exteriores do Iraque disse a Cockburn, do Independent, que seu governo estava trabalhando “intensamente” pela libertação dos cinco diplomatas iranianos seqüestrados em janeiro pelos EUA.

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