domingo, 8 de abril de 2007

Discurso de Bush, possível senha para o ataque

Na operação em Arbil, mais uma peça da campanha para demonizar o Irã – e um sinal de que a guerra não é hipótese afastada


O autor do furo é o jornalista Patrick Cockburn, um dos maiores especialistas em Oriente Médio na imprensa internacional. Na terça-feira, o Independent destacou seu texto em manchete: “O raid fracassado que levou à crise dos reféns”. Em seu relato ressaltam dois aspectos: 1) não há hipótese de erro: o exército norte-americano agiu de modo deliberado para seqüestrar governantes de um país soberano; 2) a ação malograda ocorreu horas depois de um discurso especialmente virulento do presidente George Bush contra o Irã. Possível conclusão: a Casa Branca preparou uma operação espetacular para sugerir que autoridades de Teerã têm vínculos com a onda de terror no Iraque e criar, entre a opinião pública internacional, clima favorável a uma ação militar


Segundo Cockburn, o ataque ocorreu em Arbil, cidade na região curda do Iraque. Os alvos foram Mohammed Jafari, segundo homem do Conselho Supremo de Segurança Nacional (que coordena as políticas de segurança e o programa nuclear do Irã) e o general Minojahar Frouzanda, chefe de inteligência da Guarda Revolucionária Iraniana. Jafari e Frouzanda cumpriam intensa agenda oficial no Iraque. Avistaram-se presidente do país, Jalal Talabani, e com o presidente do Governo Regional Curdo, Massoud Barzani. Participariam de uma cerimônia no escritório consular que o Irã mantinha em Arbil. Transportadas por helicópteros, as tropas norte-americanas atacaram este local, numa ação-relâmpago. Mas algo falhou: no momento do assalto, nenhum dos dirigentes iranianos encontrava-se no escritório. Em seu lugar, foram capturados, talvez por engano, cinco funcionários de baixo escalão.


Se a operação tivesse sucesso, a captura dos líderes iranianos coincidiria com a fala agressiva de Bush. Em 10 de janeiro, num discurso à nação, ele afirmou, referindo-se à ocupação do Iraque: “o Irã está oferecendo apoio material para os ataques contra tropas norte-americanas”. Em seguida, identificou este país, ao lado da Síria, como “os maiores inimigos” dos EUA.

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