domingo, 8 de abril de 2007

Guerra, ameaça presente

Os fundamentalistas estão fortemente encastelados nos Estados, tanto em Washington quanto em Teerã. A sociedade civil pode ser fundamental para a paz


O desfecho começou na própria quarta-feira, 4 de abril. Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, condecorou os militares que haviam capturado, doze dias antes, os marinheiros britânicos. Na mesma ocasião em que atacou o ocidente, anunciou que os reféns seriam soltos, qualificando o gesto como “um presente ao povo inglês”. Sentia-se fortalecido -- tanto pelos sinais de que Washington e Londres estavam dispostas a colaborar quanto pelos indícios de que a revelação dos fatos passados em 11 de janeiro.


O episódio é carregado de sentidos. Os governos dos EUA e Reino Unido voltaram a sofrer uma dura derrota no Oriente Médio. Seus planos estratégicos para a região, que equivaliam a uma modernização conservadora, parecem cada vez mais distantes. Dessa vez, dimensão mais importante do fracasso é a moral. Só mesmo um ato insano da Casa Branca poderia ter dado a alguém como Mahmoud Ahmadinejad condições de posar como defensor da democracia. Por outro lado, certas conquistas políticas típicas do ocidente parecem cada vez mais necessárias para enfrentar os desafios da globalização em crise. Ainda que a mídia esteja em crise, a capacidade de investigação e a coragem do Independent estimulam a valorizar a liberdade de impresnsa e o direito à informação.


Atolados no Iraque e Afeganistão, crescentemente isolados no mundo árabe, devido a seu apoio incondicional a Israel, EUA e Grã-Bretanha conservam, contudo, uma perigosíssima capacidade de agressão. Assim como nos preparativos para a invasão do Iraque, a Casa Branca demonstra estar novamente disposta a forjar fatos, para entorpecer a opinião pública mundial. Um ataque militar contra o Irã, claramente desejado pelos circulos neoconservadores que influenciam o governo do presidente Bush, parece fazer parte do cardápio de opções de Washington. Seria uma atitude de desespero, sem grandes repercussões estratégicas (porque não se pensa em invadir o país, mas em puni-lo), mas capaz de provocar enormes perdas humanas, de turvar ainda mais as já delicadas relações entre ocidente e mundo árabe e de desencadear uma escalada útil aos fundamentalistas de ambos lados. Estes encontram-se fortemente encastelados nos aparelhos de Estado – tanto em Washington quanto em Teerã. Por isso, são tão importantes as iniciativas pacifistas da sociedade civil. Não seria má idéia programar, no universo dos Fóruns Sociais, uma iniciativa com poder real e símbólico de propor um verdadeiro diálogo entre grandes civilizações do planeta.

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